sábado, 30 de abril de 2011

Elétrico

A inconstância e a frieza
passaram a caminhar junto a mim.
Não há eletrecidade.
Não há choque.
não há estática, nem atração.
Só me restam os raios,
que os laços, partem.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Água Viva

Eu fervia, minha pele quente, febril.
Ardia, ao cobrir os meus ossos.
A pele chorava, berrava por algum alívio.
Foi quando as primeiras gotas atingiram-na.
Eu sentia cada partícula da mais pura água,
que deixava seu rastro gelado por onde passava em minha superfície.
Não mexia um músculo.Apenas deixei o líquido me lavar.
Me levar.
Todo indício de stress se foi.
Eu estava conectada, ciente do mundo lá fora.
Cigarras cantavam em coro;
uma serra rangia em algum lugar;
um veículo na rua, acabara de passar.
Um pássaro cantando ao verão a sua canção mais sonora.

A água viva, devolve-me a vida.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Atrevimento

Como num surto de um ébrio ansioso pelo vinho,
minha boca se enchia de dizeres que apenas um membro é capaz de expressar.
Como um homem sedento que explora até a última gota do pote,
ouso deleitar-me de cada lacuna existente na folha.
E, silenciosamente, de maneira ágil e segura, os traços vão tomando forma.
Forma rude. Imperfeita. Desesperada.
Mostrando-se semelhante àquelas mãos que os guiam, mãos possuídas pelo pensamento frenético da mente.
E, por fim, ao encarar seus escritos,
os olhos, meros expectadores, se dão conta de que o único motivo para que a mão não esteja sempre escrevendo, é a falta de coragem da mente em mostrar-se através de uma mão atrevida. 

Ligação

Vozes ecoando nomes em vão.
A esperança de uma resposta que jamais será ouvida.
O clamor do dom gracioso de Deus chegara aos meus ouvidos...
Arrepiando-me a nuca.
Retirando-me a fala.
E lá me encontrava.
Nua.
Uma pena, diante da luxuosa navalha.
O ritmo aumentava.
A vibração de tambores nas pontas dos dedos.
E em meio ao estrondo, foges de mim...
Apenas o que prevalece é o silêncio...
...acompanhado pela minha insatisfação.

domingo, 28 de novembro de 2010

Visita de Morfeu

Tua respiração ressoava em meus ouvidos,
despertando-me um arrepio.
Arrepio foragido do fundo da alma.
Teus olhos me olhavam a uma curta distancia.
trazendo aos meus lábios o gosto do teu sal escorrido.
Sal escorrido de teu anseio pelo perdão.
Cada toque queimava minha pele;
Deixava o rastro de tua presença;
Você estava em todo lugar!
Não havia como fugir do desejo em pessoa!



E assim eu pensava...
Até abrir os olhos.

sábado, 20 de novembro de 2010

O cão que mia

Será possível que o destino seja tão cruel a ponto de tirar-lhe a vida?
Esta, que se esvai diante de um pequeno infortúnio...
O acaso fora generoso em não tirar-lhe toda a vida que lhe transbordava!
Sede feliz!
Aproveita então o resto que lhe restou e multiplique-a!
De um cão forte, alegre, enérgico e desafiador,
Passa a ser apenas um pequeno felino desconfiado e cabisbaixo. Desacreditado da própria sorte.
Renasce então, dentro de ti mesmo!
Mostra novamente o vigor de ser um jovem cão feliz!
E não o culpe pelas injúrias do destino.